Não fujamos da cidade!

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…e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e     Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1.8)

A convocação de Jesus, na descrição acima, mostra duas coisas como essenciais. A primeira é de que não podemos testemunhar sobre outra coisa, mas somos chamados para falarmos de Cristo Jesus. O outro aspecto é que nossa missão não pode ficar restrita geograficamente, mas que devemos ir em todo lugar possível, sem que façamos distinções impeditivas. 

No entanto, muitos sonham em ir para o interior, fugir da vida urbana. A vida na cidade é corrida e as nossas mazelas parecem se aglomerar na medida de nosso crescente ajuntamento. A imagem dos transportes públicos brasileiros deficientes, de um trânsito caótico, de pessoas que vivem pelas ruas e de uma violência acachapante participam da elaboração de uma visão degradante da polis.

Confesso que eu também desejei muito uma transferência para fora deste contexto, deste cenário social citadino, mas nunca consegui. Não por falta de iniciativas! Visitei cidades, procurei pessoas, planejei possíveis transferências de trabalho e nada foi concretizado! No meio urbano constitui família e Deus tem estabelecendo meu ministério e serviço no Reino. É evidente que Deus brecou meus planos. Em dado momento meu desejo de sair desse ambiente se intensificou, foi quando perdi um irmão em meio a essa violência…infelizmente, algo tão característico em nossa cidade.

Mas, muito de nós vêm sendo levados a refletir sobre o Evangelho nas cidades. Existem muitas obras literárias propondo essa discussão e há um movimento importante e provocativo em curso…numa clara oposição ao desejo de muitos de se distanciarem da vida urbana. A Semana Teológica 2019, do Seminário Teológico do Oeste, quis alimentar esse fomento. Assim, nossos olhos estão sendo direcionados para o que sempre ocorreu. Guardando as especificidades, a Bíblia nos mostra que a mensagem da cruz esteve presente em cidades como as nossas, de nossos dias. Jesus e seus discípulos foram das áreas rurais e remotas às grandes centros urbanos. Paulo fez isso de modo ainda mais abrangente, indo de Atenas a Roma…dois dos mais importantes centros culturais, políticos e econômicos da Antiguidade.

Para nossa reflexão, talvez valha à pena percebermos que o Brasil tinha a maior parte de sua população fixada em áreas rurais até a primeira metade do século XX. As transformações sociais e econômicas desde então promoveram uma mudança que associou o desenvolvimento das cidades com um importante processo migratório, sobretudo do Nordeste do país, para as regiões onde se estabeleciam polos concentradores de recursos e de empregabilidade. Hoje o Brasil é um país urbano, não só pelos parques industriais que se estabeleceram nestas áreas, mas porque a maior parte da população total vive, moram, transitam, estudam e produzem em cidades urbanizadas. 

A igreja de Cristo deve atentar a essas características. Observar suas especificidades e continuar firme a sua missão de proclamação do Evangelho entre as idiossincrasias desse tempo, desses espaços…entre ricos e miseráveis, sem perder sua fidelidade às Escrituras e transitando entre a brutalidade e a fragilidade, entre as luzes artificiais e escuridão da alma, dentre os que na cidade e no campo, no deserto ou na montanha, continuarão carecendo de Cristo. Certos, portanto,  que é na presença dos que carecem da mensagem da cruz que devemos estar…logo, supliquemos para que, na URBE nossa missão seja cumprida.

Pr. Ilton Sampaio de Araujo.

 

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